Francisco Xavier Esteves

Description level
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Reference code
PT/ADPRT/PSS/FXE
Title type
Formal
Date range
1864-01-01 Date is certain to 2010-12-31 Date is certain
Dimension and support
Papel
Extents
92 Livros
183 Capilhas
13 Folhas
115 Outros
17 Maços
3 Caixas
Biography or history
Francisco Xavier Esteves nasceu em Ílhavo, Aveiro, a 8 de outubro de 1864. Filho de Alberto Xavier Esteves e de Elisa Correia Xavier Esteves, irmão de Alberto e Vasco Xavier Esteves (falecidos ainda crianças) e de Maria Luísa Xavier Esteves e Vasco Xavier Esteves (este último parceiro na vida profissional). Casou em primeiras núpcias com Dolores Piñeiro Esteves (de nacionalidade espanhola) e mais tarde no estado de viúvo com Amélia Vital Costa Xavier Esteves, com quem teve dois filhos, Francisco e Amélia Xavier Esteves. Tinha residência permanente no Porto mas viveu simultaneamente em Lisboa e Pousa (Barcelos) em razão da sua vida profissional.

Do seu percurso académico (ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/B/001) faz parte a passagem pelo Colégio da Nossa Senhora da Glória no Porto, onde se destaca e é aluno premiado. Faz o curso Liceal no Liceu Nacional do Porto (hoje Escola Secundária Rodrigues de Freitas) e posteriormente cursa Engenharia na Academia Politécnica do Porto, tendo concluído Engenharia Civil de Minas em 1885 (obteve carta de curso em 1911) e Engenharia Civil de Obras Públicas em 1886.

Tinha um gosto particular pela Lliteratura que demonstrou ainda no tempo de estudante. Com apenas 16 anos e no âmbito das comemorações do terceiro centenário de Luís de Camões dirigiu o “Álbum Literário” (1880), publicação que contou com a colaboração de grandes escritores nacionais e estrangeiros. Fez parte da comissão redatora da “Revista Cientifica” publicada pelo Ateneu Comercial do Porto. Mais tarde foi autor de estudos e ensaios críticos de caráter económico e financeiro, colaborador em jornais e revistas nacionais e estrangeiras. Dirigiu em parceria com António Luís Gomes, António da Silva Cunha e José Ferreira Gonçalves o “Diário do Norte”(ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/A/011/0003).

Inicia a sua vida profissional em 1886 como Engenheiro Condutor na 2.ª Circunscrição Hidráulica (sob a dependência do Ministério das Obras Públicas) em Aveiro. Pouco tempo depois é transferido para os “estudos de caminho de ferro a norte do Mondego” e mais tarde é ainda tranferido para Vila Real para o serviço de “Carta Agrícola”. Quase simultaneamente é nomeado para lecionar a cadeira de Geometria Descritiva e Topografia no Instituto Industrial e Comercial do Porto (atual Instituto Superior de Engenharia do Porto). Posteriormente candidata-se para lecionar na Academia Politécnica, com a dissertação “Teoria dos cursos líquidos em regime permanente”. Acaba por permanecer no Instituto Industrial e Comercial, tendo publicado em 1892 “O Plano de Organização do Ensino Técnico” (ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/C/001/0001) para o referido instituto. Foi ainda professor da cadeira de Finanças no Instituto Superior do Comércio do Porto (atual ISCAP).

Depois da morte do pai (1895) decidiu apostar na sua formação em Engenharia Civil (ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/A/005/0004), dedicou-se ao estudo do cimento e foi um dos impulsionadores do betão armado nas construções civis em Portugal. Projetou obras célebres no norte do país, nomeadamente no Porto. O seu projeto icónico foi o da remodelação da Livraria Chardron, hoje Livraria Lello & Irmão, um edifício em estilo neogótico na Rua das Carmelitas, no Porto, inaugurado em 1906. Projetou também a casa de Augusto Nobre, na Rua do Castelo do Queijo, as instalações iniciais da Empresa Fabril do Norte na Senhora da Hora e o Cine Foz (já demolido), na Esplanada do Castelo.

Foi um empresário e industrial muito ativo, detendo participação e sendo sócio fundador de várias empresas. Ocupou lugares de gestão na Sociedade de Eletricidade do Norte de Portugal e na Companhia de Cimento Tejo, foi administrador delegado da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta e presidiu à Assembleia-Geral da Mutual do Norte.

Destacou-se também como dirigente associativo, tendo presidido à direcção da Associação Industrial Portuense (hoje Associação Empresarial de Portugal) por duas vezes, entre 1914 e 1919 e, num segundo mandato, entre 1919 e 1937. Representou esta associação no Congresso Colonial Nacional de 1924. Foi responsável por diversos textos sobre doutrina associativa.

Paralelamente às suas atividades como professor, engenheiro, industrial, publicista e dirigente associativo foi um político ativo, seguidor do Partido Republicano, no qual ingressou em 1895. Integrou a direção deste partido no Porto, entre 1899 e 1902, tendo sido eleito deputado pela mesma cidade em 1899, juntamente com Afonso Costa e Paulo Falcão.

Entre 1907 e 1910 foi vereador na Câmara Municipal do Porto, cargo para o qual voltou a ser eleito após a implantação da República. Resignou poucos meses depois para assumir a Presidência da Comissão Administrativa da Câmara, entre 1911 e 1913. Do trabalho enquanto Presidente destacam-se, entre outros, a adaptação do Porto de Abrigo de Leixões a porto comercial e a transformaçã do Mercado do Bolhão nomeadamente a passagem de espaço aberto para fechado e a atual configuração do edifício.

Em 1916 foi detido por ter sido implicado na conspiração de Machado dos Santos (ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/A/005/0001 (caderno de notas de 1916)). Entre 1917 e 1918 suspendeu a presidência da AEP e fez parte do governo de Sidónio Pais ocupando a pasta do Comércio (entre 11 de Dezembro de 1917 e 7 de Março de 1918) e a das Finanças (entre 7 de Março e 15 de Maio, e entre 15 de Maio e 1 de Junho de 1918). Ocupou ainda, por um curto período, a pasta dos Negócios Estrangeiros. Enquanto Ministro do Comércio conseguiu interceder junto do governo e restituir o Palácio da Bolsa à Associação Comercial do Porto, que havia sido tomado e desocupado em 1910.

Em 1918 demite-se do governo e participa no movimento patronal de contestação às instituições e governos republicanos. Volta a ser detido em 30 de abril 1919 (ver: PT/ADPRT/PSS/FXE/A/005/0001, caderno de notas de 1919) e é libertado a 10 de maio por ordem do Ministro do Interior Domingos Pereira. Une-se em 1925 ao Partido da União dos Interesses Económicos (partido criado pelas associações patronais, em 28 de setembro de 1924, no período final da I República Portuguesa, com o objectivo de zelar pelos interesses dos empresários). Aceita a Ditatura decorrente do golpe de estado de 28 de maio de 1926, porém mais tarde vem a discordar da institucionalização do corporativismo. Em 1927 é eleito Presidente da Junta Central da União de Interesses Económicos.



Em 1937, após ter pedido a demissão da presidência da Associação Industrial Portuense, remeteu-se à sua vida privada, continuando apenas a exercer o lugar de Administrador Delegado e Consultor da administração da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta. Em abril de 1943 sofre um duro golpe com a perda do seu filho Francisco. Faleceu no Porto a 2 de Setembro de 1944.

Geographic name
Porto
Legal status
A comunicabilidade dos documentos está sujeita ao regime geral dos arquivos e do património arquivístico (Decreto-Lei n.º 16/93, de 23 de Janeiro).
Custodial history
A documentação esteve até ao ano de 2000 na residência de Francisco Xavier Esteves, terceiro e segundo andar do n.º 83, na Rua Dr. Magalhães Lemos no Porto. Depois dessa data passou para um outro local em Custóias, Matosinhos, onde esteve na posse da filha e genro até dar entrada no ADP.
Acquisition information
Doação efetuada por Francisco Adelino Xavier Esteves Madeira Pina (neto) em 16 de março de 2022.
Scope and content
Acervo documental resultante da atividade pessoal e profissional de Francisco Xavier Esteves, enquanto estudante, empresário, professor, político, e dirigente Associativo. Contém também um conjunto de objetos de uso pessoal, do exercício da atividade de engenheiro civil e de minas, decorativos e de coleção. Inclui alguns documentos relativos a familiares de Francisco Xavier Esteves, nomeadamemente correspondência, documentos de identificação e uma coleção de agendas de Alberto Xavier Esteves, pai de Francisco Xavier Esteves.
Arrangement
Funcional
Access restrictions
Coleção de objetos com acesso condicionado. Necessária autorização superior antecipada.
Language of the material
por (português), spa (espanhol), eng (inglês), fra (francês), ger (alemão), ita (italiano)
Physical characteristics and technical requirements
Documentação em estado regular.
Other finding aid
DigitArq: base de dados de descrição arquivística.
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Relação de complementaridade: acervo fotográfico à guarda do Centro Português de Fotografia.

Creation date
03/03/2023 11:33:07
Last modification
06/03/2024 13:20:06