Convento de São Francisco - Porto

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/ADPRT/MON/CVSFPRT
Title type
Formal
Date range
1366-11-07 Date is certain to 1832-05-09 Date is certain
Dimension and support
Papel
Extents
16 Livros
5924 Folhas
1 Capilhas
Biography or history
A Ordem de São Francisco foi implantada nesta cidade em meados do século XII, a pedido de alguns cidadãos devotos. Vieram ao Porto São Zacarias e outros frades franciscanos, com o intento de instituir um convento. Chegaram ao Porto detentores de uma bula de Gregório IX, de 20 de Maio de 1233 que instruiu o Bispo e o Cabido da Sé do Porto a não negarem que os franciscanos se instalassem e construíssem o seu convento. Nesta bula estava prevista a concordância do Bispo e do Cabido, na condição de alguém dar terreno aos franciscanos. Um cidadão acabou por oferecer-lhes um terreno junto ao rio num local chamado Redondela. Após esta oferta, o Cabido, com o Bispo em Roma, tratou de se opôr à construção do convento, alegando que os terrenos onde ele iria ser construído pertenciam ao episcopado por doação da Rainha D. Teresa. O Cabido alegou que era necessária autorização dos frades, coisa que estes não tinham feito. Os frades por sua vez defenderam-se com a citada bula e criou-se um conflito entre estes e o Cabido.

Os frades face à intransigência do Cabido, pediram auxílio ao Rei D. Sancho II e refugiaram-se em barcos fundeados no Douro. Entretanto o rei determinou o seguimento das obras dizendo que os terrenos não faziam parte do senhorio episcopal. O Bispo, D. Martinho Rodrigues, chegado ao Porto tomou conhecimento da situação. Opôs-se à construção do convento e decretou a expulsão dos franciscanos e a excomunhão de quem quer que tratasse com eles. O litígio agudizou-se com a recusa dos frades em obedecerem ao Bispo, e com este a ordenar a destruição da obra já iniciada do convento. D. Pedro Salvadores sucedeu a D. Martinho Rodrigues como bispo, mas as coisas não melhoram para os frades. Este chegou a usar de violência contra os franciscanos e em retaliação, convidou os Dominicanos a virem com a promessa de oferta de casa e de terrenos. Os franciscanos, vendo-se em dificuldades, apelaram para o papa Gregório IX que mandou várias cartas tentando demover o bispo. O bispo não se demoveu, o que obrigou Roma a uma postura mais forte: enviou o Arcebispo de Compostela como mediador do conflito. Com esta situação os frades pensaram em edificar o convento em Gaia em terrenos doados pelo Rei, ainda que mantivessem esperanças que Inocêncio IV, recentemente eleito papa, alterasse o rumo das coisas. O papa interveio em duas frentes: enviou uma carta ao Bispo do Porto ameaçando-o com a destituição do cargo, e por outro lado, remeteu ao Arcebispo de Braga uma bula em que o autorizava a benzer a primeira pedra do mosteiro. Estas medidas surtiram efeito ao fazer com que o Cabido e o Bispo finalmente deixassem começar as obras. O mosteiro estava já concluído por volta de 1245. Em 1271, o Rei D. Afonso III, deixou em testamento um legado de cem libras ao convento. Este convento desde logo assumiu uma grande importância. Foi junto a ele que o Bispo do Porto, D. João de Azevedo, recebeu na cidade o Mestre de Avis em 1385,e foi nete mesmo mosteiro que deu notícia a todo o reino do seu casamento com D. Filipa de Lencastre. Os franciscanos começaram a incentivar e a desenvolver o povoamento das áreas junto ao convento, para além duma intensa actividade espiritual. No ano de 1383, no reinado de D. Fernando, começou-se a construir a igreja do convento . A igreja sofreu várias obras ao longo dos tempos, sendo a actual datada de 1792. Foi sagrada em 1805. O Rei D. Sebastião extinguiu os franciscanos conventuais em 1568 o que fez com que todos os mosteiros e conventos da Ordem de S. Francisco, fossem reduzidos à observância. Em 1633 foi instituída uma Ordem Terceira anexa ao convento, que manteve vários litígios ao longo da sua história com os franciscanos. No ano de 1764 reedificou-se o convento que ficou pronto em 1802. A 24 de Julho de 1832 o convento ficou completamente destruído após um violento incêndio. O convento ficou reduzido a escombros.

Posteriormente construiu-se o actual edifício do Palácio da Bolsa sede da Associação Comercial do Porto, Câmara de Comércio do Porto.
Geographic name
Porto
Legal status
A comunicabilidade dos documentos está sujeita ao regime geral dos arquivos e do património arquivístico (Decreto-Lei nº 16/93, de 23 de Janeiro)
Custodial history
O arquivo deste Convento foi objecto de devastação provocada pela invasão francesa de 29 de Março de 1809, e posteriormente sofreu nova desintegração com o incêndio verificado durante o cerco do Porto em 1834. Após a extinção das Ordens religiosas a documentação foi entregue à Comissão Administrativa dos Bens Cultuais, a qual foi utilizando alguns dos documentos de carácter patrimonial relativos à gestão dos chamados Bens Nacionais, transitando posteriormente para a Direcção de Finanças do Porto.

O livro que neste fundo tinha o n.º 6060 foi transferido para o fundo do Convento de Corpus Christi (PT/ADPRT/MON/CVCCVNG), ao qual pertence, onde tomou o n.º 0016.

Em Junho de 2011 separou-se da descrição deste fundo o subfundo referente à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (livros 6062 e 6064) que passou a ser descrita como fundo -( PT/ADPRT/CON/INSRSB) .
Acquisition information
A documentação foi transferida da Repartição de Finanças do Porto para este Arquivo, juntamente com os outros cartórios monásticos masculinos do distrito, em 1934.
Scope and content
A documentação deste fundo abarca predominantemente duas grandes áreas funcionais: administração eclesiástica, e gestão financeira. Este conjunto documental revela-se de grande importância para a história da cidade do Porto e para a história dos Franciscanos. Neste arquivo poder-se-á encontrar registos referentes a instituições de capelas, testamentos, legados, obrigações de missas, aforamentos, bulas, breves, cartas régias, provisões, nomeações, decretos, portarias, acordãos, licenças, cautelas, verbas de de inventários, doações, sentenças, alvarás, depósitos, emprazamentos, petições para traslados, mapas de bens, escrituras.

Contém ainda registos de instituições de morgados, consignações de tensas, reconhecimentos, cartas, permutas, autos de citação, vendas, registos de receitas e despesas, registos de juros.
Arrangement
Ordenado numericamente pela referência da unidade de instalação
Conditions governing use
A reprodução de documentos encontra-se sujeita a algumas restrições tendo em conta o número e tipo de documentos, o seu estado de conservação ou o fim a que se destina.
Language of the material
Por (português) e Latim. Contém documentação em letra gótica
Physical characteristics and technical requirements
O estado de conservação é regular. Unidades arquivísticas de acesso condicionado devido ao estado de conservação.
Other finding aid
Digitarq: base de dados de descrição arquivística

Em 1993 foi publicado pelo Arquivo Distrital do Porto o Guia do Arquivo que esteve em uso até 2005, cumulativamente com a descrição disponível através da aplicação de descrição arquivística Arqbase.
Alternative form available
Parcialmente microfilmado e digitalizado.
Related material
Existe documentação deste Convento no Arquivo Nacional Torre do Tombo e no arquivo da Ordem Terceira de São Francisco (Porto).

No Arquivo Distrital do Porto existem unidades relacionadas nos arquivos do Governo Civil do Porto (GCPRT) e na Provedoria da Comarca do Porto (PRVCPRT) e o fundo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito ( INSRSB) .
Publication notes
AMORIM, Maria Abigaíl da Costa - Inventário dos documentos do Convento de São Francisco do Porto. Trabalho apresentado na cadeira de Arquivologia-Arquivoeconomia do Curso de Bibliotecário-Arquivista. Coimbra, 1958. Texto Dactilografado.
Creation date
13/06/2012 00:00:00
Last modification
09/01/2024 11:22:40