Secção Rural

Description level
Subsection Subsection
Reference code
PT/ADPRT/EMP/SCM/B-R
Title type
Formal
Date range
1907-03-04 Date is uncertain to 1953-07-20 Date is uncertain
Dimension and support
Papel
Extents
12 Livros
2 Capilhas
Biography or history
A Secção Rural, designada correntemente de "ROMEU" (pelos membros da SCM e assim conhecida pela população transmontana) diz respeito a todas as propriedades de Trás-os-Montes que pretencem a esta Sociedade, e não só às terras da aldeia de Jerusalém do Romeu, nem só à denominada "Quinta do Romeu".



- Feitores do Romeu:

Francisco Lopes Seixas;

Alberto Francisco - em 1937 ocorreu a sua entrada em funções, embora Lopes Seixas só se retirasse em 1941.



- Outros funcionários do Romeu:

José Pires;

Guilherme de Oliveira;

Alfredo Pinto de Almeida;

Adriano Cardoso Ribeiro;

Manoel Bernardo;

Manuel Gonçalves;

Guilherme [S.?] Felgueiras [ou Guilherme da Costa Gonçalves];

Fernando Afonso de Oliveira Vaz;

Ernesto de Medeiros;

Cassiano Augusto - guarda/ vigilante do Romeu.



- Algumas relações no Romeu:

Eugénio Guedes de Andrade - advogado de Macedo de Cavaleiros;

Francisco Maria Beliz - advogado de Mirandela.
Functions, ocupations and activities
_ Trás-os-Montes, Aldeia de Romeu, Quinta do Romeu e família Menéres _



Clemente Menéres chegou a Trás-os-Montes (ao Quadraçal pelo Vale de Sinada) em maio de 1874, num carro puxado por cavalos, para comprar sobreirais que ouviu dizer que por lá havia. Então com 31 anos, este empresário já acumulava um vasto conhecimento do mercado internacional de vinhos, conservas e cortiça. Olhando aquelas terras apaixonou-se pela zona do Romeu e não tardou a reconhecer-lhes potencial agrícola, dando-se assim início a esta forte ligação que perdura há mais de 140 anos, atravessando cinco gerações.



Portanto, na segunda metade da década de 1870, concentra-se no investimento agrícola em Trás-os-Montes, onde passou a viver, produzindo cortiça, azeite e vinho, e praticando exclusivamente agricultura biológica certificada. Reconverteu as vinhas dizimadas pela filoxera e expandiu os olivais, comprando o que pôde e fundando a Quinta do Romeu.



A Quinta do Romeu que está situada na aldeia de Jerusalém do Romeu, concelho de Mirandela, distrito de Bragança, nasceu da visão de Clemente Menéres, pelas potencialidades de diferenciação avistadas e também pela forte ligação emocional que sentiu por aquela zona (terra fértil mas difícil, tanto pela orografia do terreno, como pelo clima bastante oscilante ao longo de todo o ano).

Esta propriedade está dispersa por oito concelhos do distrito de Bragança. No fim do ano de 1876, já possuía 279 propriedades em Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, dedicadas principalmente à exploração de sobreiros. E em 1893, a propriedade fundiária de Clemente Menéres atingia uma área considerável, distribuindo-se, embora de forma dispersa, por uma extensão de 27 quilómetros.



Em 1876, Clemente Menéres inicia a construção da sua casa de habitação no Romeu faseadamente. Durante muito tempo pernoitou no “tasco de telha vã e térrea” de um senhor chamado Carriço, que tinha a particularidade de ser seu conterrâneo de Vila da Feira.

No ano seguinte (1877) ergueu uma “casa térrea, com grossas paredes e forrada a madeira”, pequena e fiel ao ditado que tantas vezes citava: “casa que chegue e terra quanta vejas”.



Em 1902, fundou com os filhos, a atual “Sociedade Clemente Menéres, Limitada”, que ainda detém atualmente a Quinta do Romeu, e tem escritórios e armazéns no Porto.

Durante muitos anos, Clemente Menéres apoiou a luta dos locais para a passagem pelo Romeu da antiga linha de comboio do Tua, à qual chegou em agosto de 1905.

Como a qualidade dos vinhos o justificavam, na remodelação da “Região Demarcada do Alto Douro Vinhateiro”, entre 1907 e 1910, as terras desta Sociedade são integradas na região demarcada (pela natureza do solo e do clima) e foi autorizado a produzir vinho do Porto (havendo em 1918 e 1921 uma reconfirmação).



José Menéres conseguiu em 1916 a instalação de uma linha telefónica que ligou Mirandela a Carvalhais (onde vivia o seu irmão Alfredo), Monte Miões, Romeu e Vila Verdinho.



Após a morte de Clemente Menéres, os descendentes tomaram conta da Sociedade e, geração após geração, continuam a aperfeiçoar a sua obra “com carinho, dedicação e muita persistência”, mantendo em atividade outros ícones dessa Quinta, como o restaurante “Maria Rita” e o “Museu de Curiosidades”.

Na Quinta do Romeu, quem sucedeu a Clemente Menéres foi Alfredo ainda em vida do pai, e após a sua morte foram os seus filhos José e Manuel (filhos do 1.º e 2.º casamento, respetivamente), que zelaram pelo património da Quinta e da região, criando a “Confraria de Nossa Senhora de Jerusalém do Romeu” para zelar por um Santuário do século XVI que seu pai encontrara abandonado e reconstruíra; criam a “Cooperativa Por Bem” que abastecia os habitantes locais com mercearia, e em 1951 uma “Casa do Povo” com consultório médico, farmácia e biblioteca (onde também se fez teatro e passaram filmes).

Estes tiveram assim, a tarefa de dar novo impulso ao Romeu e às aldeias de Vale de Couço e Vila Verdinho, particularmente no campo da agricultura e da assistência social, com ajudas estatais da Junta de Colonização Interna e do Ministério das Obras Públicas.



José Menéres em 1937 instalou a eletricidade no Romeu, que fornecia energia para a casa do Romeu, instalações anexas do Romeu e para a Escola.

Em 1938, José solicitou ao maior especialista na época da área da subericultura em Portugal (conjunto de processos empregados na criação, exploração e proteção do sobreiro), o agrónomo Joaquim Vieira Natividade (responsável pela Estação Agrícola de Alcobaça) que viesse ao Romeu e observasse o trabalho que se fazia nos sobreirais. José Menéres seguiu depois os conselhos desse técnico para a extração, anos de espera para triagem, corte das velhas árvores que incomodam as novas, entre outros aspetos. [ver mais descrição sobre José Menéres em “Informação dos filhos sócios mais ativos nas empresas”]



Manuel da Fonseca Araújo Menéres foi, desde a década de 20, representante da “Ford” no Porto (na Avenida dos Aliados, no Palácio Ford).

Era também fruticultor desde 1943, adquirindo para o efeito a Quinta do Convento em Mirandela. Esta Quinta era uma estação de fruticultura com mais de 100 variedades de árvores de fruta, que só teve viabilidade económica a partir de 1945 quando conseguiu canalizar água do rio Tua para esta propriedade (com a ajuda de Vieira Natividade e de outros técnicos especializados como Brito dos Santos).

No fim dos anos 50 e início da década de 1960, realizaram-se “obras sociais” no Romeu. Manuel, sensível à falta de necessidades mínimas e ao analfabetismo das crianças da aldeia do Romeu, mandou construir infantários e uma escola primária para as crianças, refeitórios para as sustentar, assegurando os salários dos professores, e é também responsável pela melhoria de condições de vida das populações de Vale de Couço e Vila Verdinho (Mirandela).

Em 1966, Manuel Menéres adquire também o “Restaurante Maria Rita” (antiga estalagem reconvertida onde o seu pai Clemente Menéres comeu pela primeira vez que se deslocou ao Romeu (onde chegou a ficar instalado quando vinha ver o andamento das culturas) e que ficará conhecido por fazer as receitas da casa de família).

No edifício contíguo faz também o “Museu de Curiosidades”, onde se expõe um pouco da história e memória da família em Trás-os-Montes e onde se guardam objetos antigos recolhidos por elementos da família Menéres, como carros, aparelhos de música e cinema, roupas, máquinas fotográficas, relógios e máquinas de costura, entre os quais alguns velhos exemplares de automóveis (devido ao seu relacionamento com Manuel Alves de Freitas, da “Ford” no Porto, de quem se tornou genro). [ver mais descrição sobre Manuel Menéres em “Informação dos filhos sócios mais ativos nas empresas”]



Assim, o percurso da família Menéres, à qual as pessoas de Jerusalém do Romeu chamam de “família benfeitora”, é indissociável da história desta freguesia de Mirandela.
Internal structure/genealogy
Instruções ao Feitor (1907-03-03):

[Obs. nesta data o escritório ainda era em Vila Nova de Gaia]

1.º ) Tocar o sino dando o sinal para o levante de madrugada e abrir dos portões, assim como de noite para os fechar e recolher do pessoal.

2.º) Ter debaixo de sua guarda e zelar pela conservação de tudo quanto pertence a esta casa, providenciando pelo bom trato dos animais, aproveitamento dos pensos e não deterioração nem desaparecimento de alfaias, ferramentas, etc.

3.º) Lançar no livro Memorial, diariamente, todas as entradas e saídas, movimento geral da casa e notas dos contratos, fornecimentos, plantações, semeaduras, colheitas,trabalhos e obras realizadas, assim como a chegada e retirada de visitantes ou outras pessoas.

4.º) Enviar todos os dias para Gaia, ao chefe da casa, o ponto do pessoal, com os anotamentos por sua mão feitos, de forma que se possa saber o estado de adiantamento dos trabalhos.

5.º) Percorrer e vigiar todas as secções de serviços dirigindo-os e auxiliando-os com a sua autoridade e conhecimentos de acordo com as ordens que tiver recebido.

6.º) Cobrar as rendas e fazer cobrar das terras, casas, moinhos, etc. e lançá-las no livro respetivo.

7.º) Exigir dos capatazes os pontos diários dos trabalhos a seu cargo e depois de os ler pôr-lhe as suas iniciais como rubrica e mandá-los para Gaia.

8.º) Entregar no fim de cada quinzena ao pagador os saldos em seu poder e dar nota com os documentos que tiver de todas as despesas feitas.

9.º) Vigiar o colmeal e sua conservação, assim como informar-se sobre o estado do rebanho entregue ao pastor, tomando nota de todas as alterações que se deram no número de cabeças.

10.º) Não permitir invasões na propriedade e castigar judicialmente os contrafatores.
Scope and content
Informação contabilística complementar à existente, realizada pela gerência. Era realizada em Trás-os-Montes e depois enviada para a gerência / escritório do Porto.

Atualmente estes dados financeiros ainda são realizados em registos suplementares que coexistem.



Contém livros de caixa e memorial do Romeu, inventários e balanços de Trás-os-Montes.
Language of the material
por (português)
Physical characteristics and technical requirements
Razoável
Creation date
23/01/2020 11:27:31
Last modification
28/02/2020 15:19:51